quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

"Fora da caridade, não há salv(ação)"


Esses dias, ao frequentar o centro espírita a que vou de costume, descobri uma coisa bastante interessante.
O orador falava sobre reforma íntima, sobre resoluções de ano novo que as pessoas fazem e nem sempre praticam... Mas acima de tudo, falou sobre o tempo.

Sobre o tempo que perdemos esperando uma oportunidade para mudar, uma motivação adequada, o momento perfeito. Então ele disse algo, que me fez refletir, e muito. Algo que me despertou para a realidade em que, de fato, estamos. O que ele disse foi: “O feito é melhor que o perfeito”.
Nessa frase bastante simples, resumiu o que Jesus veio nos trazer há mais de dois mil anos.

Ele contou a história sobre uma mulher que tinha certa estabilidade financeira, e que resolveu fundar um centro espírita. Ela iniciou a construção de seus planos, mas parecia que algo sempre faltava: uma sala aqui para o refeitório, outra sala ali para o atendimento assistencial, outra sala aqui, outra sala ali, outra sala e outra sala...
Resultado: a mulher desencarnou e não pôde abrir o centro para o que, de fato, ele estava predestinado a cumprir.

Não sei se sabem, mas possuímos planos para nossa vida, que são programados antes mesmo de encarnarmos em plano terrestre. Essa mulher, com certeza, estava destinada a fundar o centro espírita e ajudar a muitas pessoas, mas, por sua vontade de fazer tudo de maneira perfeita, não cumpriu o papel a que estava destinada.
Emmanuel, espírito cândido e evoluído, já dizia: “Enquanto estivermos nos preocupando em liquidar fraternalmente os problemas dos outros, Deus, em regime de urgência, liquidará os nossos.”

Pensem bem, galera. Quantas vezes nos queixamos diariamente de nossos problemas, de nossas dificuldades, do nosso isso, do nosso aquilo, do NOSSO. Sempre do nosso, sempre olhando para os próprios umbigos. Talvez se nos preocupássemos mais em contribuir para a felicidade alheia, esses nossos problemas já seriam resolvidos pela espiritualidade divina, sem que tivéssemos de prezar por eles.

O tempo urge! E seremos cobrados pelos planos a que estamos destinados.
Temos de nos lembrar, sempre, de que não estamos em uma colônia de férias, mas sim num mundo em construção!  Um mundo que ruma a um próximo estágio, que é o de Regeneração, em que o mal ainda existe, mas o bem já impera. Pergunto-lhes: a quem não agrada a ideia desse Novo Mundo?

Pois saibam que somente quem estiver apto a habitá-lo é que irá presenciar essa enorme mudança. Estar apto a habitá-lo não é se transformar em Jesus, não é isso! Estamos anos-luz longe de tamanha evolução. Mas é agir de maneira simples, tentar mudar nossas atitudes diariamente, PRATICANDO o que Jesus nos ensinou, e não só indo à igreja ou a qualquer outro templo religioso um dia por semana.
Não adianta nos dizermos cristãos se isso não se reflete em nossas atitudes e pensamentos.

Jovens, raciocinem comigo: nós somos o fruto dessa geração, a semente que há de germinar para que o mundo se torne um lugar melhor.
Há aqueles que desejam mudar o mundo, mas não lavam uma louça pra mãe! A caridade começa em casa, galera. E não se resume a grandes feitos.

Não há necessidade de ser perfeito, relembro-vos! Há tanto o que podemos fazer... Se fôssemos UM DIA por mês, UM DIA, a um asilo, a um hospital, a qualquer lugar, pois em todos os lugares há pessoas que estão carentes de amor e de atenção.
A ajuda material é, sim, importante. Mas assinar um cheque todo mês a uma instituição de caridade, às vezes, não se compara ao bem que podemos fazer AGINDO. As pessoas têm fome. Mas não só fome física, também a fome espiritual, talvez a mais importante delas, que é a fome de amor, a fome de carinho, a fome de cuidado.

UM DIA, galera. UM DIA em que não estaremos pensando somente em nós mesmos. Não precisa parar por aí, mas já é um começo, e não é muito! Reflitam aqui comigo, um dia por mês, dá doze dias ao fim do ano... Os outros 353 estarão livres, mas só se assim o quisermos. Ainda assim, isso é só um começo! E que grande começo!
Já estaremos contando pontos com Deus só de estarmos levantando a bunda do sofá para zelar por nossos irmãos de espírito.

Lembrem-se, meus queridos! Como já dizia Paulo, o apóstolo: “Fora da caridade, não há salvação”... Ele não quis dizer que queimaremos nas chamas do inferno se não nos dedicarmos ao próximo, Deus não pune JAMAIS. Mas temos de ter em mente que somos responsáveis por nossas escolhas, e que teremos de arcar com todas as suas consequências.  Teremos de responder, não só pelo mal que não fizemos, mas também pelo bem que deixamos de fazer.
Não fazer o mal não exige de nós grande coisa: fazemos isso mais pela inércia do que qualquer outra coisa. Já fazer o bem exige de nós AÇÃO, exige zelo, preocupação e vontade; e isso conta muito mais aos olhos de Deus.

Fazer o bem pode parecer chato ao início, mas o bem que fazemos aos outros nos gera um bem tão grande, que vamos pegando gosto pela coisa. É como se diz: “É igual a coçar, é só começar”.
Sei que esse assunto pode parecer “encheção de saco”, também sou jovem. Mas temos de despertar para essa máxima.

Pensem nisso. Se Deus estivesse em sua frente agora, o que acha que diria se Ele te perguntasse: “E tu, meu filho, que fizeste de teus planos?”


Clara Tadayozzi 

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